[Resenha] Um sedutor sem coração – Por Lisa Kleypas

TÍTULO

Um sedutor sem coração
[Os Ravenels #1]

Autor (a)

Lisa Kleypas

Páginas

320

Editora
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Sinopse: Devon Ravenel, o libertino mais maliciosamente charmoso de Londres, acabou de herdar um condado. Só que a nova posição de poder traz muitas responsabilidades indesejadas – e algumas surpresas.
A propriedade está afundada em dívidas e as três inocentes irmãs mais novas do antigo conde ainda estão ocupando a casa. Junto com elas vive Kathleen, a bela e jovem viúva, dona de uma inteligência e uma determinação que só se comparam às do próprio Devon.
Assim que o conhece, Kathleen percebe que não deve confiar em um cafajeste como ele. Mas a ardente atração que logo nasce entre os dois é impossível de negar.
Ao perceber que está sucumbindo à sedução habilmente orquestrada por Devon, ela se vê diante de um dilema: será que deve entregar o coração ao homem mais perigoso que já conheceu?
Um sedutor sem coração inaugura a coleção Os Ravenels com uma narrativa elegante, romântica e voluptuosa que fará você prender o fôlego até o final.

Devon é um homem que sempre levou a vida sem maiores responsabilidades. Frequentava assiduamente club de cavalheiros para beber, praticava luta de boxe, e vez ou outra ia atrás de atrizes exóticas para se envolver. Claro que nenhum relacionamento foi levado por mais do que um par de meses, Devon simplesmente não consegue levar nenhum relacionamento até o fim, quando as coisas se tornam sérias, ele pula fora, assim como também a maioria das coisas em sua vida. Quando ele recebe a notícia que herdou um condado de seu detestável primo e todas as responsabilidades, seu primeiro pensamento foi que deveria vender tudo e ficar livre. Era o razoável a se fazer visto que a propriedade que herdou está caindo aos pedaços, às terras pouco produzem em comparação com as dívidas que têm a pagar. E ainda pra fechar o combo desastre, junto veio três irmãs de seu primo e sua viúva.

“Que situação terrível, pensou Devon inconformado. Uma propriedade arruinada, uma fortuna quase no fim e uma mulher que não poderia ter. Kathleen permaneceria de luto por um ano e um dia, e mesmo depois disso estaria fora do alcance dele. Ela nunca se rebaixaria a ser amante de qualquer homem, e, depois do que suportara com Theo, não desejaria nada com outro Ravenel.”

Kathleen casou-se com Theo e três dias depois o marido morreu tragicamente. Criada de forma rígida e seguindo todos bons costumes e morais, ela se vê em luto por um homem que mal chegou a conhecer e ainda cuidando de três jovens que poderiam ser suas irmãs. Educada com esmero, ela toma pra si todas as responsabilidades e quando Devon chega querendo destruir tudo aquilo pelo qual luta, Kate logo deixa bem claro seu afinco em proteger a tradição da Casa Ravenel.

“Ninguém buscara conforto em Devon antes, e o ato de dar esse conforto pareceu muito mais íntimo do que o mais tórrido encontro sexual.”

É inevitável o confronto entre Kate e Devon. Ambos são diferentes e almejam coisas diferentes, no entanto algo na determinação nela desarma Devon, e assim contrariando o bom senso ele resolve que vai lutar para trazer glória novamente para as terras que herdou.

“[…] Conheço muitos fatos científicos sobre o coração humano, e um deles é que é muito mais fácil fazer um coração parar de bater em definitivo do que evitar amar a pessoa errada.”

Com o tempo fica nítido que Kate e Devon são como pólvora e fogo, quando unidos causam explosões. Entre brigas e discussões, principalmente pelo temperamento explosivo que assola a todos os membros da família Ravenel, os dois logo se veem completamente envolvidos e a química fala mais alto. No entanto Kate deve se manter em luto por 1 ano e 1 dia como manda a sociedade e algo envolvendo a morte de Theo a assombra e faz com que se culpe diariamente. Juntos eles aprenderam que o amor não faz acepção de pessoas, e que não existem regras para um coração apaixonado.

A coisa que mais gosto quando pego um livro pra ler é me surpreender.  Como disse várias vezes por aqui, amo romances de época e toda temática que o gênero trás. No entanto preciso confessar que mesmo sendo amada por todos Lisa Kleypas nunca me agradou. Tentei ler dois livros dela (o primeiro dos Hathaways e o primeiro da série Estações do amor) e achei medianos no máximo. Não sei se a escrita da autora que não me agradava, ou a forma como ela conduzia o enredo, só que não me descia. Me arrisquei muito lendo Um sedutor sem coração, não esperava muito da história e talvez por isso que tenha gostado tanto. Quase foram um cinco estrelas, só não foi por uma inserção do segundo livro que acontece aqui, mas explicarei a frente.

O livro é narrado em terceira pessoa sobre o ponto de vista principalmente de Kathleen e Devon, e alguns pela Helen – irmã de Theo. Kathleen foi uma personagem de época bem diferente das que tinha encontrado até hoje em livros do gênero. Geralmente as mocinhas são à frente do seu tempo e não se importam com as regras, ela não, é totalmente afoita em fazer tudo que uma moça respeitável da sociedade deve fazer. Mesmo ficando somente três dias casada ela segue o luto arrisca. Essa é uma das personalidades da jovem, assim como também seu temperamento forte e desejo de lutar por aquilo que ama. Kate ama a Casa Ravenel, ama as cunhadas, ama seu cavalo e se culpa muito caso não consiga protegê-los. Vi algumas pessoas dizendo que ela é chata, mas discordo, adorei as atitudes dela e só mostraram a quão amorosa e sagaz é.

Já Devon foi “O” mocinho. Nunca vi um personagem crescer tanto numa história. Ele vai de um cara vaidoso que só pensa em si mesmo para um homem afoito por querer proteger todos que aprendeu amar. Ele realmente se propõe em reconstruir a propriedade e dar um rumo certo as coisas, e faz com afinco. Além de tudo isso, foi impossível não cair de amores pelo seu jeito cafajeste e provocador.

Todos os personagens da história me agradaram (a exceção de um que destacarei logo). Mas, voltando aos surpreendentes, West, o irmão de Devon foi uma grande surpresa. Ele nos é apresentado como um cara alcoólatra que só pensa em farrear em Londres, mas Devon o manda para o campo resolver algumas pendências e ele simplesmente se transforma com o convívio das mulheres da casa. E por falar nelas, as gêmeas são MARAVILHOSAS. Pandora e Cassandra são extraordinárias cheias de alegria e respostas mordazes, aprontam várias coisas que deixam Kate a beira de um ataque cardíaco. Já Helen é mais calma e singela, igualmente maravilhosa. E foi justamente por causa dela que tirei uma estrela do livro. Alguns capítulos foram introduzidos pelo ponto de vista dela e de seu futuro noivo, protagonista do próximo livro. O caso é que odiei Winterborne e cada cena dele desviava o foco da atual história. Confesso que estou com receio de ler a sequência porque de cara aqui já não gostei do próximo protagonista, que de mocinho não tem nada.

Um dos maiores pontos positivos do livro pra mim foi a contextualização e o cenário abordado. O livro se passa em plena Revolução Industrial e a autora não deixou de fora essa contextualização, muito pelo contrário, a abordou de forma exímia no enredo. Mostra novas práticas de agricultura com maquinários que facilitavam o serviço, como também aborda o tema recorrente da época em que a agricultura perdeu espaço em prol da criação de gado. Também foram deixadas de lado as extensas viagens de carruagem que tanto aparecem em livros do gênero, abrindo espaço para um trem. Tudo isso só deixou as coisas bem reais e marcantes equilibrando o romance com assuntos interessantes da época.

O romance de Devon e Kate foi desenvolvido de forma espetacular. Devido ao fato da Kate esperar o luto passar e também a aversão de Devon em ter um relacionamento, o amor é construído aos poucos através a convivência, das conversas, dos olhares, das malícias. Tudo foi feito sem pressa e com calma exatamente como todo bom romance deve ser. Eles se auto descobrem e aprendem a confiar um no outro, e como resultado temos uma história sólida e de tirar o fôlego.

Lisa Kleypas com toda certeza ganhou vários pontinhos comigo. Adorei a forma como ela conduziu o enredo e fechou os pontos daquele jeitinho que faz o coração ficar quentinho. A edição física do livro dispensa elogios, um trabalho gráfico maravilhoso com uma capa que trás muito da história. Internamente as letras estão num ótimo tamanho para se ler.

Um sedutor sem coração é sem dúvidas um dos livros mais gostosos que já li esse ano. Um romance que tem muito a falar e mostra que vale a pena lutarmos por aquilo que acreditamos, e principalmente pelas pessoas que amamos. Sem dúvidas recomendo para todos os amantes de um bom romance, ou até mesmo para aqueles que desejam se aventurar pelo gênero.
Arquiteta e Urbanista Apaixonada por livros, filmes, series fotos e Funko Pop
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